quarta-feira, 30 de maio de 2007

Como meu Pai já Dizia - Questões Trabalhistas


Caí de paraquedas no mundo dos adultos. As vezes é (bem) chato mas na média dá pra levar. E o melhor de tudo é que agora eu já ganhei maturidade o suficiente para entender alguns ditos do meu sabio papai sobre o mundo do trabalho e suas relações. Citarei aqui a algumas pérolas:
  • "Quem trabalha demais não tem tempo pra ganhar dinheiro": constatei empiricamente que é verdade.

  • "Presta não" (leia-se com sotaque nordestino. Mas aquele sotaque de verdade, não aquela coisa estranha das novelas da Globo): é um jargão dele. Decidi adotá-lo como lema de vida. Se o negócio vai dar merda, é melhor pular fora o quanto antes. Evita o stress e a fadiga, exaustivamente já citada pelo carteiro Jaiminho.

  • "Dinheiro não é problema. Problema é a falta dele": todo mundo sabe disso. Mas não custa repetir. Existe também a variante "dinheiro não é problema, é solução". Entretanto a versão de papai é mais estilosinha.

  • "Por mais que você esteja certa, não conteste um doido, não..." (também leia com sotaque nordestino): mandar falar com a mão é a melhor solução. Assim como usar toda a retórica possíveis para convencer os outros. Ser direto e sincero demais costuma ser interpretado como agressividade. É outra constatação empírica.

  • "Esse negócio de não ter tempo não existe não": sempre achei que falta de tempo fosse coisa subjetiva. Agora eu tenho certeza disso.

Por hora lembrei desses. Mas quando lembrar de outras pérolas da sabedoria paternal, postarei. E depois vou dedicar também um post aos (fantásticos) jargões hispanicos de mi mamá. Gente grande não é tão chata assim, sabia? De vez enquando eles são muito divertidos, até.

domingo, 20 de maio de 2007

As Rixas Alheias

Um pequeno protesto contra os absurdos cotidianos

Eu tenho a teoria de que toda loira nariguda parece com minha amiga Flor: de Suzane Von Richtofen a Barbara Streisand. Acontece que a Luana Piovani não é nariguda. E é realmente loira, não tem cabelo castanho claro, avermelhado, meio loiro, meio burro-quando-foge como o da Flor.

Enfim, ela não parece com a Piovani. Agora avalie você o quão bêbado estava um homem que pensou que a menina REALMENTE fosse atriz. Seria engraçadíssimo, se o tal bêbado não fosse um fã fervoroso do Caetano Veloso, a quem a moça chamou recentemente de "Banana de Pijama".

Contemos o causo. Estavam Flor e um amigo num dos bares da Roosevelt quando o bêbado apareceu. Berrando, tentando arranjar briga com qualquer um e o tempo todo olhando para ela. E depois de um tempo, ele realmente estava assustando minha amiga, que não se acalmava nem com as garantias de segurança do amigo.

Bêbado: Você não acha o Caetano Veloso demais?

Ela responde que que sim, mexendo a cabeça.

Bebado: O Caetano é foda. Ele não come qualquer uma, não, sabia? Você soube da música? Luana Piovani... que porra de Luma Piovani porra nenhuma...

E caiu numa gargalhada convulsiva. Aliás nesse momento, o bêbado quase caiu literalmente.

Depois de se apoiar na parede e recuperar o equilíbrio, o bêbado se apoia na mesa e tenta pegar a latinha de Guaraná que Flor bebia.

Bêbado: Que é isso?

Amigo da Flor: Tira a mão daí.

Bêbado: Você, menina, é uma vagabunda. É isso que você é: uma pu-ti-nha. Caetano é foda! Ele não faria música nenhuma pra uma atrizinha de merda. Ele... ele ficava com todo mundo antigamente. Ele já amou o Zé Celso. O Zé Celso não é foda?!

Flor (com voz quase sumida e coração quase saindo pela boca): Am... aham.

E o bebum apontava o dedo para a cara da menina. Enquanto isso, o amigo da Flor fazia, com as mãos, uma barreira entre ela e o bêbado.

Bêbado: O Caetano era um tarado. Pra ele comer uma mulher, tinha que ser uma mulher fodona. Ele amava o Zé Celso. E uma atrizinha de merda da Globo não trabalha com o Zé Celso. O Caetano escreveu música pro Zé Celso. Mas porque ele é bom. Não é uma vagabundinha larga aí, não.

E Bate na mesa. A essas alturas, Flor já estava completamente murcha. Quase virando adubo. E eis que o bêbado tenta partir para cima dela. Mas apenas tenta, porque o heróico amigo de flor levanta e usa uma voz um tanto quanto incisiva ao pedir ao bêbado que se retirasse.

Mas o bêbado continua falando todo tipo de coisa sobre a vida sexual do Caetano Veloso, Zé Celso, Gilberto Gil, toda a galera da tropicália e da Contracultura brasileira. E também continuava supondo muita coisa a respeito da vida sexual e profissional da Luana Piovani.

Então eis que ele sai do bar, espantado pelo amigo de Flor. Quase chorando, quase caindo mas ainda xingando.

Bêbado: Sua vagabunda! Você tem sorte que eu sou um covarde e não vou te dar o que você merece por causa desse cara...

Depois falou algo tão enrolado que não foi possível inteligir. Mas foi embora.

Amigo da Flor: Não acredito que encostei nesse cara! Preciso lavar as mãos. Como ele fedia, meu!

Flor: Fedia, tinha bafo e quase me mata de medo!

Depois disso, ainda foi possível ouvir o bêbado cantando "Catia Flávia" pelas ruas...